Explicando o caso segundo as fontes que tive acesso, a Gucci, uma das gigantes do mercado de luxo entrou com um processo contra a Forever 21, por usar a sua combinação de listras! Isso gerou vários comentários, discussões e foi parar lá no grupo do facebook do Modices. Lá me senti à vontade e fui falar sobre o assunto, já que ele está diretamente envolvido com meus cursos de especialização no Direito.
Comentei isso daqui na publicação de uma das meninas, que questionava sobre inspired x plágio nesse caso: "Pra mim isso é briga de cachorro grande. Já vi casos de marcas grandes copiarem estilistas pequenos, independentes... e dar como resposta: vc é pequeno, não adianta me processar. É difícil tanto pra quem é da moda e quem é do Direito. Estou me especializando exatamente na área de fashion law, bem nessa área que todo mundo "acha que tem direito" a isso ou aquilo. Não rola de patentear cor, assim como já aconteceu com o Louboutin e várias outras grifes, mas a "marca registrada", o "modo de produção" e a "localização de fabricação" são passíveis de registro. A discussão de usar ou n a cor é extremamente vaga, tendo em vista um monte de coisa que isso irradia. Mas no fim das contas é uma briga entre "pessoas ricas" ~ clientes da gucci e "pessoas pobres" ~ clientes da forever, tudo isso teoricamente, mas não deixa de ser verdadeiro. Uma marca "perde seu valor" quando sua "marca registrada" é usada em tudo quanto é canto... por isso reitero, é uma briga de cachorro grande, uma marca que vende para poucos cobrando muito e outra que vende para muitos cobrando pouco! Quem ganha? Não sei... Mas é mais um caso pra ser acompanhado e ser estudado, afinal não tem só moda e direito ai no meio, tem consumo, tem público, marketing, comportamento e alguns, digo muitos, milhões de dólares envolvidos."
A Gucci, com toda sua história e público, tem como "marca registrada" (entre aspas pq não sei se é uma marca registrada judicialmente ou apenas socialmente, vou pesquisar!) o uso das listras verde, vermelha e azul em várias peças, que vão dos acessórios aos artigos de extremo luxo. Essa forma de exclusividade faz com que a marca tenha o porte, fama e preço que pratica como um diferencial de público e de marketing. Ela é uma marca que atinge poucos que gastam muito para ter em sua posse determinada peças e com isso gera um famigerado ar de "superioridade" entre os meros mortais.
Já por outro lado a Forever 21, com sua alma jovem e fast, bem a cara da geração y, essa que quer acesso a tudo, agora, sem perder um minuto se quer, procura nos "inspired" uma solução para dar acesso ao luxo, não luxuoso. Todo o material e a forma de produção não deve chegar aos pés dos ateliês das grandes marcas de luxo, mas com os valores acessíveis, chama um público que até pode ter dinheiro em abundância, mas que quer tanto o consumo rápido que passa por cima de qualquer ilicitude para ter o tão sonhado objeto de desejo, bem ali, baratinho e ao seu fácil alcance.
Para esmiuçar minha opinião, jurídica e social, a Gucci se sentiu "afetada" com a popularização da sua "marca registrada", onde, se muitos usam a marca perde o seu "valor" pela simples popularização. A Forever 21 por outro lado, com sua veia fast-extremamente-fast fashion, se utiliza da fama e da glória momentânea de determinadas tendências para vender à rodo, peças "inspired" com valores quase ínfimos comparados aos das marcas de luxo, que eles se inspiram, tornando o inacessível de certa forma de fácil acesso. Para o mundo do direito toda essa discussão pode ou não ser considerada como plágio, cabe agora as provas documentais e costumeiras para um veredicto. Já do lado social, olhando apenas para a parte "chamativa" das peças, parece sim uma bela inspiração e uma forma de ter de forma mais barata um artigo de luxo, mesmo tendo a absoluta certeza que não tem nada de luxo, apenas as cores e uso das tão faladas listras, afinal, todo o processo de fabricação não deve ser comparado.
Isso está errado? De certa forma sim! Até por que a fama e alcance da Gucci, que existe desde 1921, muito tempo de história não "podem" ser jogados fora, pela popularização de sua identidade. Seus clientes, perdem um pouco a vontade pelo produto, por pensar que ele se popularizou e qualquer um vai usar. Porém, por outro lado, a Forever com sua veia jovem, traz para a população um produto com uma identidade parecida ao produto de luxo, para os menos abastados.
A Gucci em sua acusação disse que a Forever plagiou sua forma de usar as listras que já são tão conhecidas e valorizadas e pediu para retirar todos os produtos que estavam à venda. Já a Forever disse que o uso das listras são apenas ornamentais sem função de caracterização com qualquer marca.
Isso ainda vai gerar muitos comentários e questionamentos, afinal são duas marcas grandes e muito valiosas. Vamos acompanhar a novela para ver os capítulos finais...
Fontes:
http://elle.abril.com.br/moda/forever-21-diz-que-gucci-nao-pode-processa-la/
http://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2017/07/epoca-negocios-gucci-e-forever-21-travam-batalha-judicial-por-causa-de-listras.html
https://hypebeast.com/2017/6/forever-21-gucci-cease-desist
https://news.law.fordham.edu/blog/2017/08/10/gucci-sues-forever-21-for-trademark-infringement/
E você? O que acha do assunto? Bora conversar?
Amei você ter trazido esse assunto pro blog, lá no grupo não consegui acompanhar!! :)
ResponderExcluirBom, na construção da identidade da marca, como designer, entendo e concordo com a Gucci. Cor, por mais que não possa ser patenteada, faz parte da construção da identidade da marca, que inicialmente é uma ideia visual mas depois passa a ser social. Foi uma afronta muito grande da forever, haha
;)
Oi Ester!!! No grupo fica bem mais cheio, né? hehehe
ExcluirPois é... É um assunto muito delicado! Tem muita coisa "por trás". Estou amando estudar esses assuntos, pq cada dia tem uma coisa nova, diferente e até estranha! hehehe
Obg por vir aqui e dar força! <3
Bjs