Oi gente!
Acho que esse é o primeiro post mais "íntimo" sobre o intercâmbio. A ida já começou dolorosa, quase uma semana da minha ida 'física' para Portugal. Começar a fazer uma mala para morar, não é tão normal e comum, como aquela que você vai passar 10 dias na casa da avó, no interior. Eu tinha que pensar em frio, calor, faculdade… Na verdade eu não sabia muito bem o que esperar, não sabia o que levar, o que deixar, o que ia sentir falta.
Muitas e muitas coisas passaram na minha cabeça antes de ir. Às vezes o Tico e o Teco não entendiam que eu ia morar longe! Eu que nunca nem tinha dormido na casa de amiguinha da escola!!! Era um conflito interno ENORME de não entender como agir, como fazer, como me virar, como conviver com pessoas diferentes, num país diferente, com uma língua meio diferente e várias outras coisas que era muita novidade.
Acho que não ir sozinha foi um enorme apoio, me senti segura e amparada. Minha mãe e meu irmão foram junto comigo, viram como era a casa, como era a cidade. Passamos frio no primeiro dia, além de pegar chuva!! Portugal chove d+, pelo amor de Deus.
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Vista aérea do Porto da Torre dos Clérigos. |
Mas ao mesmo tempo minha cabeça ficou um pouco no Brasil, enquanto eu não conhecia ninguém e minha mãe e meu irmão não tinham ido embora, eu não conseguia entender! JURO! Parecia que eu estava viajando, não entendia de jeito nenhum que um dia eu ia ter que dizer "Até logo" e passar mais 5 meses sozinha.
Eu achava e tive certeza um tempo depois, que tinha tanta coisa na minha cabeça, que por isso, não consegui entender! Parecia sonho, parecia realidade, parecia doideira, na verdade muita doideira. Na minha família, tanto paterna quanto materna, muitos já viajaram e conheceram vários lugares nesse mundão, mas ninguém resolveu morar fora, nem por 2 meses, eu fui a primeira… Ou seja, ainda não tinha nenhuma 'referência' pra dai saber mais ou menos o que esperar. Acho que isso fez minha cabeça entrar em parafuso e não entender bulhufas.
Voltando um pouquinho, antes desse conflito todo… Existiu o desapego com muitas coisas, físicas e emocionais. Achava tão legal ficar um tempo longe de casa, longe das responsabilidades, do irmão enjoado e da mãe mandona que pensava numa grande brincadeira de "se virar". Mas com o tempo percebi que não era só "flores".
O namoro, vixi, esse foi um ponto que mexia todo dia comigo. Acho que esse "tema" merece um post só dele, na verdade, mas vou dar uma pincelada. O André, sempre quis fazer intercâmbio e pra mim esse era um sonho bem distante, achava que minha família nunca ia deixar e eu anulava esse meu desejo, mas quando soube da notícia, a primeira pessoa a saber foi o André. Ele ficou triste, óbvio, eu também ficaria, mas sentia que era um mix de tristeza e felicidade. Antes de ir, eu tentava conversar com ele sobre esses 6 meses longe e ele nunca queria conversar, não entendia e insistia, mas ele muito (na verdade extremamente) sábio, não falava sobre. E no dia que eu entendi, que ele não queria falar sobre, pq estava triste e que não queria terminar nada, estávamos felizes, em sintonia e a vida colocou essa prova no meio. Já que essa pedra foi colocada no caminho, qual a graça de chutar pro lado?? Percebi que a gente tinha força pra escalar e descer de novo…
Sei que foi difícil pra ele, talvez pra mim tenha sido mais fácil, pq eu estava vivendo uma novidade tão grande que esquecia de muita coisa, ou simplesmente não pensava. Realmente eu deixei todos os meus problemas no Brasil, juro que conseguia deitar na cama, colocar a cabeça no travesseiro e só ouvir um cri-cri-cri… De não pensar em nada!
Até o dia que eu me toquei, esse mix de sentimentos estavam na minha cabeça e acho que qualquer pessoa que muda de vida, de uma hora pra outra, deve saber um pouquinho do que eu estou falando. Mas mesmo com esses choques, não mudaria nada!!!
Espero que tenham gostado.
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